Uma situação sem precedentes. É isso que podemos dizer sobre a escassez de contêineres em todo o mundo, especialmente para importadores nos EUA e Brasil bem como para exportadores. Vivemos em 2020 períodos de desabastecimento e escassez, e esse abastecimento de importações, que é escoado ao longo do tempo, acumulou-se especialmente no 4º trimestre do ano.
Empresas do setor de varejo impulsionam a demanda das importações, fazendo com que o preço de aluguel de contêineres aumentasse em 200%. O aumento dos custos logísticos já tem reflexo no preço final dos produtos nas prateleiras para os consumidores, fazendo com que a inflação chegue a um limite perigoso para a economia brasileira.
Além disso, no início de 2021 o frete China-Brasil teve uma alta vertiginosa, atingindo patamares históricos de custos. A alta é considerada inédita por importadores e empresas de navegação, que ocorre por conta da recuperação da economia mundial, mostrando alta demanda por produtos chineses. O Brasil nesse caso é altamente impactado pois é muito dependente da importação de produtos acabados oriunda da China.
Com tais diferenças drásticas, muitos armadores estão dando preferência a voltar vazios para a China para dar continuidade à alta demanda de importações e o lucro sobre esta demanda. A China deve ser a única entre as grandes economias a crescer no ano passado, com alta do PIB de 2,3% em 2020.
O Brasil tem sentido, em casos isolados, esse reflexo nas exportações de produtos agrícolas pelo aumento no preço do frete e a falta de contêineres, sendo estes utilizados para as importações. Porém, o sentimento geral é que não houve uma oscilação tão intensa dos fretes como acontece para as commodities dos EUA, por exemplo.
No lado das importações, o volume excessivo tem criado congestionamento em portos de todo o mundo, aumentando as cobranças de demurrage/detention, o que tem irritado os importadores.
Ainda vai um tempo para que toda a cadeia logística se reequilibre. O impacto da pandemia foi intenso e ainda deve ser sentido ao longo dos meses de 2021. Porém, perdendo cada vez mais força ao passo que vacinas são distribuídas nos países, governos criam pacotes de estímulos econômicos, a demanda das importações e exportações continua aquecida com a retomada da economia.